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terça-feira, 15 de outubro de 2019

IV - NO TEMPO DOS PRIMEIROS HOMENS

Hoje, não mais se ignora que os seres vivos, suas formas, estrutura, funcionamento  orgânico e vida psíquica, longe de serem efeitos sobrenaturais ou fruto de acasos, resultam de estudos, observações e experimentações de longa duração, realizados por entidades espirituais de elevada hierarquia, colaboradoras diretas do Senhor, na formação e no funcionamento regular, sábio e metódico, da criação divina. O princípio de todas as coisas e seres é o pensamento divino que, no ato da emissão e por virtude própria, se transforma em leis vivas, imutáveis, permanentes. Entidades realmente divinas, como intérpretes, ou melhor, executoras dos pensamentos do Criador, utilizam­-se do Verbo — que é o pensamento fora de Deus — e pelo Verbo plasmam o pensamento na matéria; a força do Verbo, dentro das leis, age sobre a matéria, condensando­-a, criando formas, arcabouços, para as manifestações individuais da vida. O pensamento divino só pode ser plasmado pela ação dinâmica do Verbo, e este só  pode ser  emitido por entidades espirituais individualizadas —  o que o Absoluto não é —  intermediários existentes fora do plano Absoluto, mas que possuam força e poder, para agir no campo da criação universal. Assim, quando o pensamento divino é manifestado pelo  Verbo, ele se plasma na matéria fundamental, pela força da mesma enunciação, dando nascimento à forma, à criação visível, aparencial. Sem o Verbo não há essa criação, porque ela, não se concretizando na forma, é como se não existisse; permaneceria como pensamento divino irrevelado, no campo da existência abstrata. 

Ora, para a criação da Terra o Verbo foi e é o Cristo. Paulo, em sua epístola aos Efésios, 3:9, diz: “Deus, por Jesus Cristo, criou todas as coisas.” E João Evangelista muito bem esclareceu: — “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.” (João, 1:1) “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele, nada do que foi feito se fez.” (João, 1:3) 
Por isso é que o Divino Mestre disse: — “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim.” (João, 14:6)



Assim, pois, formam­-se os mundos, seres e coisas, tudo pela força do Verbo, que traduz o pensamento criador, segundo as leis que esse mesmo pensamento encerra. Noutras palavras: O Absoluto, pelo pensamento, cria a vida e as leis, e entidades espirituais do plano divino, pela força do Verbo, plasmam a criação na matéria, dão forma e estrutura a todas as coisas e seres e presidem sua evolução na Eternidade. Na Gênese cósmica no que se refere à Terra, a ação do Verbo traduziu o pensamento criador, a seu  tempo, na constituição de uma forma globular fluídica emanada do Sol central que veio situar­-se, no devido ponto do sistema planetário, como novo recurso de manifestações de vida para seres em evolução. Ao seu redor, circundando a Terra formou-­se uma camada fluídica, de teor mais elevado, destinada a servir-lhe de limitação e proteção, como também de matriz astral para a elaboração das formas vivas destinadas a evoluir nesse mundo em formação. Nessa camada se continham os germes dos seres, conforme foram concebidos pelos Espíritos Criadores das Formas, representando tipos ­padrões, fluidicamente plasmados para futuros desenvolvimentos. E, com o tempo, progredindo a condensação da forma globular, segundo as leis que regem a criação universal, os gases internos emanados do núcleo central subiam à periferia do conjunto, onde eram contidos pela camada protetora, e daí, condensados pelo resfriamento natural, caíam novamente sobre o núcleo, em forma líquida, trazendo, contudo, em suas malhas (se assim podemos dizer) os germes de vida ali existentes. Esses germes, assim veiculados, espalharam-­se pela superfície do globo em formação, aguardando oportunidade de desenvolvimento; e quando, após inúmeras repetições desse processo de intercâmbio, a periferia do globo ofereceu, finalmente, condições favoráveis de consistência, umidade e temperatura, nela surgiu a matéria orgânica primordial —  o protoplasma —  que permitiu  a eclosão da vida, com a proliferação dos germes já existentes, bem como espíritos humanos em condições primárias involutivas — mônadas — aptas ao início da trabalhosa escalada evolutiva na matéria, e outros germes que, segundo a cronologia dos reinos, deveriam, no futuro, também manifestar-­se.



Os seres vivos da Terra, com as formas que lhes foram atribuídas pelo Verbo e seus Prepostos, apareceram no globo há centenas de milhões de anos; primeiro nas águas, depois na terra; primeiro os vegetais, depois os animais, todos evoluindo até seus tipos mais aperfeiçoados. Segundo pesquisas e conclusões da ciência oficial, a Terra tem dois bilhões de anos de existência, tendo vivido um bilhão de anos em processo de ebulição e resfriamento, após o que e, somente então, surgiram os primeiros seres dotados de vida.

Até Louis Pasteur (1822 ­1895), químico e biólogo francês, a opinião fume dos cientistas sobre a origem dos seres, era a teoria da geração espontânea, segundo a qual os seres nascem espontânea e exclusivamente de substâncias materiais naturais como, por  exemplo, larvas e micróbios nascendo de elementos em decomposição. Com as pesquisas e conclusões deste eminente sábio francês o conhecimento se modificou e ficou provado que os germes nascem uns dos outros, não tendo valor científico a suposição da geração espontânea, conquanto o problema continuava ainda de pé em relação ao primeiro ser, do qual os demais se geraram. Em 1953 o bioquímico americano Wendell Meredith Stanley (1904 ­1971) isolou  um micróbio incomparavelmente mais primitivo que qualquer  dos demais conhecidos até então, e que se reproduzia, mesmo depois de submetido ao processo de cristalização. 

Como, até então, nenhum ser vivo pudera ser cristalizado e continuar a viver, daí se concluiu  que o ser em questão era um intermediário entre a matéria inerte e a matéria animada pela vida; admitiram os pesquisadores que esse fato veio preencher a grande lacuna existente entre os seres vivos mais atrasados e as mais complexas substâncias orgânicas inanimadas como, por exemplo, as proteínas. Esse ser seria então, academicamente falando, o ponto de partida para as gerações dos seres vivos existentes na Terra, os quais, há um bilhão e meio de anos, vêm evoluindo sem cessar, aperfeiçoando as espécies e suas atividades específicas.


Nesses primórdios da evolução humana, e no ápice do reino animal, estavam os símios, muito parecidos com os homens, porém, ainda animais, sem aquilo que, justamente, distingue o homem do animal, a saber: a inteligência. Deste ponto em diante, por mais que investigasse, a ciência não conseguiu localizar  um tipo intermediário de transição, bem definido entre o animal e o homem. Descobriu fósseis de outros reinos e pôde classificá­-los, mas nada obteve sobre o tipo de transição para o homem; todo o esforço se reduziu na exumação de dois ou três crânios encontrados algures e que foram aceitos, a título precário, como pertencentes a esse tipo desconhecido e misterioso a que nos estamos referindo. Realmente, em várias partes do mundo, foram descobertos restos de seres que, após exames acurados, foram aceitos como pertencentes a antepassados do homem atual. Segundo a ciência oficial, quando o clima da Terra se amenizou, em princípios do Mioceno (uma das quatro grandes divisões da Era Terciária, isto é, o período geológico que antecedeu o atual) e os antigos bosques tropicais começaram a ceder lugar aos prados verdes, os antigos seres vivos que moravam nas árvores foram descendo para o chão, e aqueles que aprenderam a caminhar erguidos formaram a estirpe da qual descende o homem atual. 
Entre estes últimos (que conseguiram erguer-­se)  prevaleceu  um tipo, que foi chamado PROCONSUL, mais ou  menos há 25  milhões de anos, o que era positivamente um símio.

E os tipos foram evoluindo até que, mais ou menos há um milhão e meio de anos, surgiram as espécies mais aproximadas do tipo humano. Realmente, na Ásia, na África e na Europa foram descobertos esqueletos de antropoides (macacos semelhantes ao homem) não identificados. Nas camadas do Pleistoceno inferior, também chamado Paleolítico (período antigo  da Era da Pedra Lascada)  e no Neolítico (Era da Pedra Polida) vieram à luz instrumentos, objetos e restos de dentes, ossos e chifres, cada vez mais bem trabalhados. Em 1807  surgiu  em Heidelberg  (Alemanha)  um maxilar  inferior e em Piltdow (Inglaterra)  um crânio e uma mandíbula um tanto diferentes dos tipos
antropóides; até que finalmente surgiram esqueletos inteiros desses seres, permitindo melhores exames e conclusões. Primeiramente surgiram criaturas do tamanho de um homem, que andavam de pé, tinham cérebro pouco desenvolvido as quais foram chamadas Pitecantropo, ou Homem de Java, que viveram entre 550 e 200 mil anos atrás. 

Em seguida surgiu o Sinantropos, ou  Homem de Pequim, de cérebro também muito precário. Mais tarde surgiram tipos de cérebro mais evoluídos que viveram de 150 a 35 mil anos atrás e foram chamados de Homens de Solo (na Polinésia); de Florisbad (na África do Sul); da Rodésia (na África) e o mais generalizado de todos, chamado Homem de Neanderthal (no centro da Europa), cujos restos, em seguida, foram também encontrados nos outros continentes. Como possuíam cérebro bem maior foram chamados “Homo Sapiens”, conquanto  tivessem ainda muitos sinais de deficiências em relação à fala, à associação de ideias e à memória. O Neanderthal foi descoberto em camadas do Pleistoceno médio mas, logo depois, no Pleistoceno superior surgiram esqueletos de corpo inteiro e de atitude vertical, como, por exemplo, o tipo negróide de Grimaldi, o tipo branco do Cro­  Magnon (pertencente à Quarta Raça, Atlante) e o tipo Chancelade. E por fim foram descobertos os tipos já bem desenvolvidos chamados Homens de Swanscombe (na Inglaterra), o de Kanjera (na África) o de Fontchevade (na França), todos classificados como  “Homo Sapiens sapiens”, isto é, “homens verdadeiros”. Ainda hoje existem na Rodésia (África) tipos semelhantes ao Neanderthal, que levam vida bestial e possuem crânio dolicocéfalo (ovalado)  com diâmetro transversal ¼ menor que o diâmetro longitudinal. Estes tipos, estudados e classificados pela Ciência, conquanto tenham servido de base para suas investigações e conclusões, não valem todavia como prova da existência do tipo de transição. Na realidade, a Ciência ignora a data e o local do aparecimento do verdadeiro tipo  humano, como também ignora qual o primeiro ser que pode ser considerado como tal.
0 Pleistoceno corresponde ao começo da Era Quaternária, tempos chamados pré­-históricos. Dolicocéfalo = tipo humano cuja largura de crânio tem quatro quintos do seu comprimento (cf. Novo Dicionário Aurélio, Nova Fronteira). 

O elo, portanto, entre o tipo animal mais evoluído e o homem primitivo, se perde entre o Pitecantropo, que era bestial, e o Homo Sapiens que veio 400 mil anos mais tarde.


Em resumo, eis a evolução do tipo humano:
· Símios ou primatas; · Tipo evoluído de primata — Procônsul — 25 milhões de anos. · 
Homo Erectus — Pitecantropus e Sinantropus — 500 mil anos. · 
Homo Sapiens — Solo, Rodésia, Florisbad, Neanderthal — 150 mil anos. · 
Homo Sapiens Sapiens —  Wescombe, Kangera, Fontechevade, Cro­  Magnon e Chancelade — 35 mil anos.

Nos anos 90,  exames de DNA provaram que o Neanderthal  é uma ramificação separada da espécie humana, embora seja evidentemente uma evolução dos símios primitivos — Nota da Editora


É bem de ver que se houvesse existido esse tipo intermediário, inúmeros documentos fósseis dessa espécie existiriam, como existem de todos os outros seres vivos, e, assim, como houve e ainda há inúmeros símios, representantes do ponto mais alto da evolução dessa classe de seres, também haveria os tipos correspondentes, intermediários entre uns e outros. Se a ciência, até hoje, não descobriu  esses tipos intermediários é porque eles realmente não existiram na Terra: foram plasmados em outros planos de vida, onde os Prepostos do Senhor realizaram a sublime operação de acrescentar ao tipo animal mais perfeito e evoluído de sua classe os atributos humanos que, por si sós — conquanto aparente e inicialmente invisíveis — dariam ao animal condições de vida enormemente diferentes e possibilidades evolutivas impossíveis de existirem no reino animal, cujos tipos se restringem e se limitam em si mesmos. Sobre assunto de tão delicado aspecto ouçamos o que diz o instrutor Emmanuel, em comunicação recebida, em 1937, pelo médium Francisco Cândido Xavier e que transcrevemos in leteris:

Amigos, que a paz de Jesus descanse sobre vossos corações. Segundo  estudos que pude efetivar em companhia de elevados mentores  da espiritualidade, posso  dizer-­vos  francamente que todas  as  formas  vivas da natureza estão  possuídas  de princípios  espirituais. E  princípios  que evoluem da
alma fragmentária até à racionalidade do homem. A razão, a consciência, “a noção  de si mesmo” constituem na individualidade a súmula de muitas lutas e de muitas  dores, em favor da evolução anímica e psíquica dos seres. O processo, portanto, da evolução  anímica se verifica através de vidas  cuja multiplicidade não podemos imaginar, nas nossas condições de personalidades relativas, vidas  essas  que não  se circunscrevem ao  reino  hominal, mas  que representam o  transunto  das  mais  várias  atividades  em  todos  os  reinos  da  natureza.

Todos aqueles  que estudaram os princípios de inteligência dos  considerados  absolutamente irracionais, grandes  benefícios  produziram, no  objetivo  de esclarecer esses  sublimes  problemas, do  drama infinito  do  nosso  progresso pessoal. 

O princípio inteligente, para alcançar as cumiadas da racionalidade, teve  de experimentar estágios outros de existência nos planos de vida. Os protozoários  são  embriões  de homens, como  o  selvagem das  regiões  ainda incultas  são  os  embriões dos seres angélicos. O homem, para atingir o complexo de suas perfeições  biológicas  na Terra, teve o  concurso de Espíritos  exilados  de um mundo melhor para o  orbe terráqueo, Espíritos  esses  que se convencionou  chamar de  componentes  da raça adâmica, que foram em tempos  remotíssimos  desterrados  para as  sombras  e para as  regiões  selvagens  da Terra, porquanto  a evolução  espiritual do  mundo em que viviam não mais  a tolerava, em virtude de suas reincidências no mal. 

O vosso mundo era então povoado pelos tipos do “Primata hominus”, dentro das eras da caverna e do sílex, e essas legiões  de homens  singulares, pelo seu  assombroso  e incrível aspecto, se aproximavam bastante do  “Pithecanthropus erectus”, estudado pelas vossas ciências modernas como um dos respeitáveis ancestrais da humanidade. Foram, portanto, as  entidades  espirituais  a que me referi que, por misericórdia divina e em razão  das  novas  necessidades  evolutivas  do  planeta, imprimiram um novo fator de organização  às  raças  primigênias, dotando ­as de  novas  combinações  biológicas, objetivando  o  aperfeiçoamento do  organismo  humano. Os animais são os irmãos inferiores dos homens. Eles também, como nós, vêm de longe, através de lutas incessantes e redentoras e são, como nós, candidatos  a uma posição brilhante na espiritualidade. Não é  em vão que sofrem nas fainas  benditas da dedicação e da renúncia, em favor do progresso dos homens. Seus  labores, penosamente efetivados,  terão  um prêmio que é o  da evolução na espiritualidade gloriosa. Eles, na sua condição de almas fragmentárias  no terreno da compreensão, têm todo um exército de protetores dos planos do Alto, objetivando  a sua melhoria e o  amplo  desenvolvimento de seu  progresso, em demanda do reino hominal. Em se desprendendo  do invólucro  material, encontram imediatamente  entidades abnegadas que os encaminham na senda evolutiva, de maneira que a sua marcha não  encontre embaraços quaisquer que os  impossibilitem de progredir, como se torna necessário, operando-­se sem perda de tempo a sua reencarnação. O macaco, tão carinhosamente estudado por Darwin nas suas cogitações filosóficas  e científicas, é um parente próximo das criaturas humanas, falando­-se fisicamente, com seus  pronunciados laivos  de inteligência; mas a promoção  do  princípio espiritual do animal à racionalidade humana se processa fora da Terra, dentro de condições  e aspectos que não posso vos descrever, dada a ausência de  elementos analógicos para as minhas comparações. E que Jesus nos inspire, esclarecendo as nossas mentes em face de todas  as grandiosidades das leis divinas, imperantes na Criação.


Assim, pois, quando essa operação transformadora se consumou  fora da Terra, no astral planetário ou em algum mundo vizinho, estava ipso facto  criada a raça humana, com todas as suas características e atributos iniciais, a Primeira Raça­  Mãe, que a tradição espiritual oriental definiu da seguinte maneira: “espíritos ainda inconscientes, habitando corpos fluídicos, pouco consistentes”.

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