Quando cessou o trabalho de integração de espíritos animalizados nesses corpos fluídicos e terminaram sua evolução, aliás muito rápida, nessa raça padrão, o planeta se encontrava nos fins de seu terceiro período geológico e já oferecia condições de vida favoráveis para seres humanos encarnados; já de há muito seus elementos materiais estavam estabilizados e o cenário foi julgado apto a receber o “rei da criação”.
Iniciou-se, então, essa encarnação nos homens primitivos formadores da Segunda Raça Mãe, que a tradição esotérica também registrou com as seguintes características: “espíritos habitando formas mais consistentes, já possuidores de mais lucidez e personalidade”, porém ainda não fisicamente humanos.
Iniciou-se com estes espíritos um estágio de adaptação na crosta planetária tendo como teatro o grande continente da Lemúria. Esta segunda raça deve ser considerada como pré-adâmica.
Assim, como bem deixa ver o Evangelista, no final de sua comunicação, com o correr dos tempos as famílias foram se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras de vida em comum, que visavam preferentemente às necessidades materiais da subsistência e da procriação.
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Estava-se nos albores do período quaternário. Os homens dessa Segunda Raça em quase nada se distinguiam dos seus antecessores símios; eram grotescos, animalizados, inteiramente peludos, enormes cabeças pendentes para a frente, braços longos que quase tocavam os joelhos; ferozes, de andar trôpego e vacilante e em cujo olhar, inexpressivo e esquivo, predominavam a desconfiança e o medo.
Alimentavam-se de frutos e raízes; viviam isolados, escondidos nas matas e nas rochas, fugindo uns dos outros, vendo nas feras que os rodeavam por toda parte seres semelhantes a eles mesmos, e procriando-se instintivamente, sem preocupação de estabelecerem entre si laços de afeto ou de intimidade permanente. Quem olhasse então o mundo não diria que ele já era habitado por seres humanos.
Essa Segunda Raça evoluiu por muitos milênios, dando tempo a que se procedesse a necessária adaptação ao meio ambiente até que, por fim, como desabrochar lento e custoso da inteligência, surgiu entre seus componentes o desejo de vida comum que, nessa primeira etapa evolutiva, era visceralmente brutal e violento.
Os ímpetos do sexo nasceram de forma terrivelmente bárbara e os homens saíam furtivamente de seus antros escuros para se apoderarem pela força de companheiras inconscientes e indefesas, com as quais geravam filhos que se criavam por si mesmos, ao redor do núcleo familiar, como feras.
Com o correr do tempo, entretanto, essa proliferação desordenada e o agrupamento forçado de seres do mesmo sangue, obrigaram os homens a procurar habitações mais amplas e cômodas, que encontraram em grutas e cavernas naturais, nas bases das colinas ou nas anfractuosidades das montanhas.
Sua inteligência ainda não bastava para a idealização de construções mais apropriadas e assim surgiram os trogloditas da Idade da Pedra, em cujos olhos, porém, já a esse tempo, luziam os primeiros fulgores do entendimento e cujos corações já de alguma forma se abrandavam ao calor dos primeiros sentimentos humanos.
Eis como eles foram vistos pelo espírito de João, o Evangelista, em comunicação dada na Espanha, nos fins do século passado:6
Adão ainda não tinha vindo.
Porque eu via um homem, dois homens, muitos homens e no meio deles não via Adão e nenhum deles conhecia Adão.
Eram os homens primitivos, esses que meu espírito absorto, contemplava.
Era o primeiro dia da humanidade; porém, que humanidade, meu Deus!...
Era também o primeiro dia do sentimento, da vontade e da luz; mas de um
sentimento que apenas se diferenciava da sensação, de uma vontade que apenas desvanecia as sombras do instinto.
Primeiro que tudo o homem procurou o que comer; após, procurou uma companheira, juntou-se com ela e tiveram filhos.
Meu espírito não via o homem do Paraíso; via muito menos que o homem, coisa pouco mais que um animal superior.
Seus olhos não refletiam a luz da inteligência; sua fronte desaparecia sob o cabelo áspero e rijo da cabeça; sua boca, desmesuradamente aberta, prolongava-se para diante; suas mãos pareciam com os pés e frequentemente tinham o emprego destes; uma pele pilosa e rija cobria as suas carnes duras e secas, que não dissimulavam a fealdade do esqueleto.
Oh! Se tivésseis visto, como eu, o homem do primeiro dia, com seus braços magros e esquálidos caídos ao longo do corpo e com suas grandes mãos pendidas até os joelhos, vosso espírito teria fechado os olhos para não ver e procuraria o sono para esquecer.
Seu comer era como devorar; bebia abaixando a cabeça e submergindo os grossos lábios nas águas; seu andar era pesado e vacilante como se a vontade não interviesse; seus olhos vagavam sem expressão pelos objetos, como se a visão não se refletisse em sua alma; e seu amor e seu ódio, que nasciam de suas necessidades satisfeitas ou contrariadas, eram passageiros como as impressões que se estampavam em seu espírito e grosseiros como as necessidades em que tinham sua origem.
O homem primitivo falava, porém não como o homem: alguns sons guturais, acompanhados de gestos, os precisos para responder às suas necessidades mais urgentes.
Fugia da sociedade e buscava a solidão; ocultava-se da luz e procurava indolentemente nas trevas a satisfação de suas exigências naturais.
Era escravo do mais grosseiro egoísmo; não procurava alimento senão para si; chamava a companheira em épocas determinadas, quando eram mais imperiosos os desejos da carne e, satisfeito o apetite, retraía-se de novo à solidão sem mais cuidar da prole.
O homem primitivo nunca ria; nunca seus olhos derramavam lágrimas; o seu prazer era um grito e a sua dor era um gemido. O pensar fatigava-o; fugia do pensamento como da luz.
E mais adiante acrescenta:
E nesses homens brutos do primeiro dia o predomínio orgânico gerou a força muscular; e a vontade subjugada pela carne gerou o abuso da força; dos estímulos da carne nasceu o amor; do abuso da força nasceu o ódio, e a luz, agindo sobre o amor e sobre o tempo, gerou as sociedades primitivas.
A família existe pela carne; a sociedade existe pela força. Moravam as famílias à vista de todos, protegiam-se criavam rebanhos, levantavam tendas sobre troncos e depois caminhavam sobre a terra.
O homem mais forte é o senhor da tribo; a tribo mais poderosa é o lobo das outras.
As tribos errantes, como o furacão, marcham para diante e, como gafanhotos, assaltam a terra onde pousam seus enxames.
Assim, como bem deixa ver o Evangelista, no final de sua comunicação, com o correr dos tempos as famílias foram se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras de vida em comum, que visavam preferentemente às necessidades materiais da subsistência e da procriação.
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